Então, dos mais de três milhões (3.181.253) de usuários cadastrados na plataforma RN + Vacina, apenas 19% receberam a segunda dose de reforço da vacina contra a Covid-19. Para a primeira dose de reforço, a plataforma contabiliza 54% da população vacinada. Os índices apontam para um cenário de declínio na adesão à vacina no decorrer da disponibilização das novas doses.
A primeira dose de reforço, também chamada de terceira dose, está liberada na região metropolitana de Natal, para pessoas a partir dos 18 anos, desde dezembro de 2021. A segunda dose de reforço está disponível para o mesmo público desde julho de 2022. Ainda assim, a tendência de queda na adesão às doses de reforço permanece. A preceptora infectologista do ISD, Carolina Damásio, ressalta que os benefícios da vacinação completa vão além da manutenção do bem-estar e saúde do indivíduo, e que sua ausência traz problemas mais amplos, relacionados à comunidade.
Do ponto de vista individual, não tomar as doses de reforço pode significar um risco aumentado de complicações, da necessidade de internamento e até do óbito. Nos hospitais, os pacientes internados, em sua maioria, não tinham sido vacinados ou não tinham completado o ciclo vacinal. Para a comunidade, quanto menor o número de pessoas imunizadas, maior a chance de circulação do vírus, sendo maior o risco para populações vulneráveis, como idosos e pacientes com defesas baixas. Novas variantes também podem surgir, explicou a preceptora.
Em algumas cidades do Brasil, a vacinação alcançou o estágio de disponibilização da terceira dose de reforço, ou quinta dose, para pessoas com alto grau de imunossupressão. Os dados do RN + Vacina, no entanto, mostram que mais de 230 mil potiguares ainda estão com a segunda dose atrasada, isto é, com o esquema vacinal básico incompleto.
A infectologista Carolina Damásio analisa que o atraso ou a falta de adesão à vacinação, seja na segunda dose ou nas doses de reforço, podem ser atribuídos a vários fatores. Um deles é a alta frequência da necessidade de tomar as doses complementares. Em um futuro próximo, esse complemento deve continuar existindo para alguns grupos.
A dose de reforço deverá permanecer para os grupos de risco, como acontece com a gripe. Porém, uma segunda geração de vacinas está sendo desenvolvida, com o objetivo de combater as novas variantes, o que poderá resultar em uma imunidade mais duradoura”, completa Carolina.
Além disso, a infectologista aponta fatores relacionados à própria pandemia, como a fadiga pandêmica, termo utilizado pela Organização Mundial de Saúde para designar o cansaço e o esgotamento mental enfrentados coletivamente nos últimos dois anos, além da desinformação pública, facilitada pela comunicação virtual intensificada durante a pandemia.
Várias são as razões, como a insegurança em relação aos efeitos colaterais, o equívoco sobre a gravidade da doença e a necessidade de vacinação, disseminadas pelas mídias sociais, e a falta de confiança na vacina, como ocorre, por exemplo, com a vacinação infantil”, explica.
Cobertura vacinal no RN
Não é só na vacinação contra a Covid-19 que são observados baixos índices de cobertura vacinal no estado. Conforme dados analisados anteriormente pelo ISD, desde 2018 o Rio Grande do Norte não alcança a meta de cobertura vacinal para nenhuma das vacinas de rotina indicadas para as crianças de até um ano de idade.
Na região metropolitana de Natal, crianças de 3 a 5 anos já podem ser vacinadas com a primeira dose da vacina contra a Covid-19, segundo recomendação do Ministério da Saúde. Para crianças de 5 a 11 anos, o esquema de vacinação iniciou em janeiro deste ano. O público na faixa etária de 12 a 17 anos já pode receber a primeira dose de reforço, ou terceira dose, desde o mês de maio.
Os locais e horários dos pontos de vacinação em Natal podem ser encontrados na plataforma https://vacina.natal.rn.gov.br/.
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