A Lava Jato já não se desenvolve como investigação, mas como roteiro de um reality show, ou de um teledrama em que o mocinho e o bandido devem vestir suas máscaras, sem deixar dúvidas para o espectador, que nunca presta muita atenção no que está assistindo. Transformaram os membros de nosso Poder Judiciário em celebridades e alguns parecem gostar da nova função. Assistimos à repetição exaustiva de um discurso ideológico e sem crítica que tanto lembra a ditadura.
A metodologia dos agentes da Lava Jato, procuradores, juízes e mídia, passa pelo estímulo moralista à delação e ao ódio aproveitando-se do ressentimento de uma classe média inconformada de dividir o seu status com aqueles que se beneficiaram com as políticas sociais dos governos eleitos nas últimas quatro eleições. A criação de uma espécie de pânico nessa classe média a partir de análises da crise econômica e a responsabilização dos programas sociais e da corrupção por essa crise, exclusivamente a dos petistas, geram nessas camadas o desejo de destruir e de matar tudo o que se caracteriza como diferente e que supostamente as ameaça, tudo o que se caracteriza como progressista de esquerda.
A razão da Lava Jato está nos interesses do capital internacional e isso se revela cada vez mais. Esses interesses são contrários aos dos brasileiros, pois nos empobrecem, material e espiritualmente. Foi a partir da Lava Jato que essas forças efetivaram o golpe, nos impondo no governo aqueles que perderam as eleições presidenciais. Nas primeiras medidas do governo golpista estão as “flexibilizações” dos direitos sociais e individuais, amplamente defendidas pela grande mídia com os malabarismos verbais de seus comentaristas. Está também a reforma do ensino em que se defende a preparação de uma mão de obra barata em detrimento da formação do cidadão. É semelhante ao que aconteceu no período da ditadura militar, que condenou gerações e gerações à ignorância e ao estado em que ainda nos encontramos, apesar do esforço realizado pelos governos democráticos progressistas e que apenas começavam a dar algum resultado.
O desenvolvimento cultural e artístico de um povo está diretamente ligado ao desenvolvimento de sua cidadania e, por isso, desenvolvimento artístico e cultural acontece na democracia em sua plenitude. A arte só se concretiza na sua fruição. Ela não se produz nem se efetiva sem aquele ao qual o artista se dirige. Querem nos impor a volta a um tempo que já conhecemos. Um tempo que aprendemos a rejeitar pois não nos trouxe nada de útil. Um tempo de atraso. As riquezas que produzimos, materiais e imateriais, ou seja, a nossa cultura, mais uma vez serão desvalorizadas? Mais uma vez iremos nos deixar ser oprimidos pelas mentiras proclamadas pela grande mídia?
O que eles não conseguem entender é que não somos totalmente programáveis. Nós ainda raciocinamos e sempre nos restará um mínimo espírito crítico e isso basta para dizermos não e é esse não que nos fará permanecer vivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário