A divulgação das delações dos executivos da Odebrecht é devastadora. Somente uma empresa, executivos de uma única empresa, conseguiu fazer com que se instaurassem inquéritos contra centenas de políticos, incluindo ex-presidentes e um terço do Senado da República — imagine, então, se a moda das delações alcançasse outras empresas. Há alguns anos, a vergonha era tamanha, que o político se afastava para não ter o mandato cassado e, quem sabe, tentar retornar anos depois — sequer falo em ser processado ou condenado. Hoje, não existe mais escrúpulo ou vergonha. Chegamos ao escárnio de acompanhar a manifestação em rede social do Paulo Maluf — sim, aquele que não pode botar o pé fora do país para não ser preso pela Interpol — dizendo que "não só não estou na Lava-Jato e na lista do Janot, como não estou no mensalão". É incrível.
Obviamente, a corrupção não nasceu agora; relatos de historiadores não faltam sobre a corrupção no período da ditadura militar, por exemplo. Falando em tal período ditatorial, imaginemos, então, se em vez de reforma da Previdência, resolvessem antes fazer uma auditoria independente englobando aquelas décadas e posteriores sobre os fundos destinados para tal área. De qualquer sorte, os culpados de tudo isso somos nós, que votamos em pessoas procuradas pela Interpol, que votamos em jogadores de futebol somente porque nos deram alegrias em campo e estão desempregados, ou mesmo em um palhaço que diz que não sabe o que um político faz. O escritor e jornalista Lima Barreto tinha razão: "O Brasil não tem povo, tem público".
Nenhum comentário:
Postar um comentário