Ética é o estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano”...Quando falamos que não se pode enxergar um progresso da moralidade em todo e qualquer progresso histórico social é porque este, do ponto de vista moral, pode ter consequências positivas ou negativas. E é justamente por este motivo que afirmamos que nem todo progresso histórico traz consigo um progresso moral, uma vez que os homens nem sempre progridem sempre na direção moralmente boa, mas também através da direção má, progresso pela violência, pelo crime ou pela degradação moral.
Para que se possa verificar o progresso moral bom, que influencie positivamente os homens de uma determinada sociedade há que se verificar a ampliação da esfera moral na vida social. Isto significa que, deixar que os sujeitos de uma determinada sociedade se regulem por normas morais, e não por normas externas como o direito ou o costume, significa um índice de progresso na esfera moral. É de se considerar um grande absurdo que o direito venha a ser chamado para regular e determinar, por exemplo, que uma pessoa idosa tenha preferência para se sentar em um banco de ônibus, ou então que seja necessária uma lei que proíba que pessoas sem deficiência estacionem em vagas destinadas a deficientes físicos. Ou seja, o ideal seria que estas relações fossem reguladas e dirimidas pela consciência moral e que não sejam chamadas normas externas. Sendo assim, quando mais se utiliza a moral para regular estas situações, mais estaremos caminhando para o sentido do progresso moral.
Os valores, as regras de comportamento, os costumes, as tradições, as convenções fazem parte da moral. Aliás, toda sociedade tem sempre um conjunto de valores, umas pautas de conduta, ideais, fins, preferências, que são seguidas pela maioria. São elas que definem, numa determinada sociedade, o que é reputado como certo e o que é tido como errado. A ética estuda e analise criticamente tudo isso, ou seja, a moral, os costumes, as regras sociais que orientam nosso comportamento, as tradições, os valores.
Porém, como optar por essa via conceitual,
natural e cômoda, fechando os olhos para as
agressões hoje em dia cometidas contra a ética em
nosso país, quando vivemos uma crise moral?
Como ignorar a desfaçatez com que são dribla-
dos, sob os mais diversos e infames artifícios, os
valores morais que constituem os fundamentos
das sociedades solidamente organizadas? Como
não lembrar o descalabro das condutas que afron-tam
conscientemente o comportamento ético que
se pode esperar – e, mais que isso, exigir – de pes-soas
responsáveis em todos os campos de ativida-des pública e privada?
Vamos reconhecer: vivemos
sob o estigma de procedimentos que ofendem
solene, deslavada e cinicamente preceitos éticos e
morais.
Como fingir que não vemos o festival de malandragem do mensalão,
os escândalos das ma-las de subornos, a orgia do tráfico de influência,
o dinheiro de origem inconfessável escondido em
pastas e meias, as vantagens auferidas por meios
escusos, o uso desavergonhado do nepotismo,
o apego inconsequente a cargos, as manobras
eleitorais duvidosas, o império do “eu não sa-bia”,
do “foi contra minha vontade” ou do “assi-nei sem ler”,
a luta pela perpetuação no poder a
qualquer custo, mesmo em detrimento do auto-
respeito da nação? Como ignorar a impunidade
que estimula a transgressão, poupa os mais favorecidos
e penaliza os que não dispõem de instru-mentos para reclamar justiça?
Ou a cumplicida-de dos que se omitem em suas obrigações por
te-rem o “rabo preso”? O fato é que se vive um qua-dro
de visível deterioração do tecido moral de
nossa sociedade, capaz de arruinar as barreiras
que defendem a moralidade.
Os valores de nossa
sociedade estão em crise, consequentemente a moral se abala, seu
significado torna-se fruto de incertezas por parte da sociedade. Além
disso, o egoísmo nos conduz àquela felicidade que se identifica apenas
com o êxito material. Estas questões contribuem para o enfraquecimento
da moral no seio social.
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