Brasil. Aqui onde os ventos da desigualdade sopram sem barreiras. Desta vez produzido pela consultoria Capgemini. Em 2016, quando a economia brasileira afundou com uma queda de 3,6% no PIB e 14 milhões de desempregados, o Brasil viu aumentar em 10,7% o número de milionários, índice superior à média mundial (7,35%). São considerados milionários todos aqueles que possuem US$ 1 milhão ou mais em ativos disponíveis para investimento, excluindo imóveis em que residam, artigos de coleções e bens de consumo duráveis.
A riqueza acumulada pelos milionários brasileiros subiu de US$ 3,7 trilhões em 2015 para US$ 4,2 trilhões em 2016. Passamos de 148,5 mil super-ricos para 164,5 mil. As explicações para tremenda falta de sintonia com o mundo real (de recessão econômica, alta do desemprego e aumento da pobreza verificado no ano passado) está no “otimismo” do “mercado” com a queda da ex-presidenta Dilma Rousseff e a expectativa da retomada da economia. Foi na arena da Bolsa de Valores que a festa do andar de cima aconteceu. A bolsa brasileira foi a que mais subiu em todo o mundo no ano passado com alta de 69% em dólar. Não importa que as expectativas tenham sido frustradas no mundo real, os ganhos financeiros foram devidamente computados. Lembremos que os recordes de transações na bolsa continuam se acumulando em 2017.
Até que ponto o descompasso entre o boom do mercado financeiro e o aumento da desigualdade deve ser aceito com naturalidade pelos brasileiros? Da mesma forma como vamos nos acostumando a ver o crescimento no número de moradores de rua cascavilhando sacos de lixo nas calçadas para se alimentar? Ou crianças tomando as esquinas das grandes cidades pedindo moedas a motoristas impacientes nos semáforos
Democracia importa
Brasil, o país precisa de mais e não menos gastos sociais em saúde e educação; menos de uma reforma previdenciária e mais de uma reforma tributária na qual quem tem mais pague mais e quem tem menos pague menos (com menos impostos sobre consumo e mais sobre patrimônio e lucro); combate à discriminação racial e de gênero (que só reforça e estigmatiza a desigualdade social); geração de emprego estável e formal; política consistente de valorização do salário mínimo; e defesa da democracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário