Meus heróis morreram de overdose – o Brasil se ressente de heróis. Primeiro o brasileiro viu no ex-presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, um Batman, com a sua capa preta depois de colocar na cadeia os envolvidos no mensalão.
Agora tentam criar um outro herói, o juiz federal Sérgio Moro, que está à frente das ações penais resultantes da operação Lava Jato. Moro disse no Rio, esta semana, não se considerar um “ídolo nacional” por estar no centro das decisões judiciais do mais rumoroso caso de corrupção do país. Sérgio Moro, de 42 anos, esteve na cidade para participar do Seminário Nacional sobre Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, organizado pela Esad Cursos.
Que não se faça de Sérgio Moro um Eliot Ness, agente federal americano que ficou responsável por desmantelar a gangue de Al Capone nos anos 1920. Após reunir um grupo de dez agentes cuidadosamente escolhidos, os Intocáveis (um apelido se referindo à atitude incorruptível deles) passaram a perseguir os criminosos. Apesar do esforço dos Intocáveis, Ness sempre tinha suas tentativas de combater o gângster frustradas. A intervenção do governo finalmente ocorreu quando o agente Eddie O’Hare mostrou que Capone não declarava impostos.
Os heróis criados pelo povo brasileiro morreram de overdose – não de drogas, claro – mas de tanto glamour midiático e respaldado pelo povo. Não tiro os méritos do ministro Joaquim Barbosa e do juiz Sérgio Moro, cada qual na sua função, mas daí endeusá-los são outros quinhentos. O Brasil alcançou uma fase, que chamaria de amadurecimento, no que diz respeito ao combate a corrupção. No entanto, não se pode e não se deve endeusar os que estão a frente disso.
Cabe à imprensa e a sociedade cobrar sim das polícias – Civil, Militar e Federal – o cumprimento do dever, assim como da Justiça, ou seja, cobrar colocar na cadeia corruptos e corruptores. Os caminhos da corrução no Brasil, sobretudo nos poderes públicos já se conhecem. Basta seguir o rastro do dinheiro sujo. O “difícil” é colocar esse pessoal na cadeia e mantê-los atrás das grades. O instituo da delação premiada, ao menos está servindo para que bandidos sejam denunciados a troco de uma pena menor de quem também está envolvido em falcatruas. Contudo, é preciso mais celeridade.
É como disse Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Transparência Brasil:
– Enquanto o escândalo da Petrobras exibe com todas as cores que o loteamento de cargos entre partidos políticos está entre as principais causas da corrupção, noticiam-se tranquilamente as manobras e contramanobras em torno do… loteamento de cargos.
Que os nossos heróis não virem, realmente, “idolos nacionais” pelo cumprimento da lei, mas que num futuro sejam reconhecidos como personagens que ajudaram a moralizar este país varonil.
A conferir!
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