No fundo, todos sabem o quanto é prejudicial dedicar uma boa parte do seu tempo a falar mal dos outros.
Muita gente acredita que nunca será descoberta a sua faceta de falar mal de tudo e de todos.
Ainda assim, há pessoas que não conseguem viver de outra forma pelos seus sentimentos de insegurança, stress e ansiedade, pela má imagem que têm a seu respeito, o que as leva a projetar nos outros essa frustração. Também há quem acredite que, é através da destruição do outro que “progride na carreira” ou afasta as atenções alheias face aos seus aspetos negativos.
Apesar da tarefa ser delicada, é possível ajudar estas pessoas a encontrarem outras formas de vida mais saudável, mas isso exige mudanças profundas, seja na sua forma de pensar, seja no círculo de amigos onde a fofoca já está instalada.
O problema coloca-se em ambos os sexos, muito embora as mulheres sejam mais “afamadas” no que se refere à vida alheia e aos seus pormenores, mas os homens também se interessam (e muito) pela destruição dos outros, por pura maldade...
Uma reclamação educada e no lugar certo, acaba por ser uma crítica construtiva e por aliviar quem se sente injustiçado. Uma conversa esclarecedora com quem se teve um conflito, faz milagres, tal como ser capaz de dizer a verdade ao cônjuge ou a um amigo, por muito que isso custe ou possa fazer vacilar a relação.
Desabafar com uma pessoa de confiança, é assegurar que o assunto não ganha dimensão, muito menos comentários fora de contexto. Mas isso não é fofoca! É uma necessidade humana de extravasar algo que se sente e que se quer melhorar. Quando se relata um episódio que nos aconteceu, estamos a tentar compreender o sucedido e a encontrar “espaço” dentro de nós para algo novo. No entanto, é preciso escolher muito bem a quem se faz esse desabafo, sob pena de tudo se perder e até entrar no caminho errado.
Falar mal dos outros é um vício que se instala em alguns grupos, sendo que, a maior parte dos seus membros rapidamente se associa aos assuntos fraturantes e contra alguém. Estas pessoas sentem necessidade de se mostrarem melhores que os outros, pelo que se unem em prol da crítica de quem querem abater.
Ao mesmo tempo, também é comum que as pessoas “viciadas” em falar mal, sintam essa necessidade de comentar e reclamar em todas e quaisquer circunstâncias, a ponto de já não medirem as consequências dos seus atos. Estas pessoas falam mal da sua própria família, do cônjuge, de amigos e conhecidos, tudo porque se tornou habitual “só falar mal”.
As pessoas viciadas em falar mal, sentem um profundo alívio quando “descarregam” essa energia com alguém. Não importa com quem, é preciso é deixar esse mau pensamento, essa informação colhida num qualquer lugar, mas que atinge ferozmente alguém.
A Dra Sheri, psicoterapeuta e diretora clínica da Harley Street Therapy, diz que, “falar mal é um resultado de stress descontrolado.”
A especialista explica que, “quem se sente assoberbado ou ameaçado deve procurar uma válvula de escape saudável.” Quando tal não acontece, “tendemos a deitar tudo fora sem pensar nas consequências...Em muitos casos, a reclamação transforma-se num tipo de prática coletiva que pode gerar um sentimento de proximidade com outros através da rejeição mútua de uma pessoa ou situação. Se este é o intuito de quem fala, pouco se pensa nas emoções de quem é o alvo dessa “violência” produzida pelos fofoqueiros, razão pela qual, um dia “o feitiço se vira contra o feiticeiro.”
A necessidade de falar mal resulta sempre de um sentimento negativo, ser, seja porque o outro o ameaça de alguma forma.
Na posição desta terapeuta, “são as criaturas infelizes que reclamam constantemente”. Estas pessoas são inseguras e encontram no falar mal dos outros, uma fonte de segurança.
“A reclamação constante pode fazer com que alguém que secretamente se sente vulnerável pareça forte e capaz de resistir a tudo.”, diz Sheri acrescentando que, falar mal dos outros é esconder aquilo que nos envergonha e que se quer fazer de conta que não existe”.
Como o negativo atrai negatividade, falar mal não só prejudica as relações com os outros como a própria saúde e bem-estar.
Para a maior parte das pessoas, reclamar é um vício; um hábito terrível e difícil de abandonar. Fala-se por tudo e por nada e sempre pelos piores motivos.
Sheri reforça que, na maioria dos casos, a prática é coletiva e exige mesmo uma mudança de grupo para que a negatividade se afaste. Optar por grupos mais pequenos também ajuda a detetar se a conversa é destrutiva e qual o seu fundamento. A terapeuta alerta que, “cada pessoa deve ser capaz de escolher os amigos e o grupo de pertença de forma a não se meter em fofocas que só a podem prejudicar. “É uma responsabilidade pessoal, logo cada um tem de fazer as melhores opções e responder pelos seus atos.”
O primeiro passo é perceber o que se faz num determinado grupo e se vale a pena estar associado ou ligado por motivos tão negativos…
Os especialistas são unânimes em defender que, faz bem à saúde encontrar escapes mais alegres, formas de conviver mais desapegadas, descontraídas e sem espaço para falar mal dos outros, nem que isso passe por escolhas mais realistas e exigentes.
O ser humano facilmente cai “nesta armadilha”, seja pelo seu vazio emocional, seja pelos apelos dos fofoqueiros, seja pela necessidade de saber mais acerca de alguém. O problema é que, essa aparente segurança, rapidamente se torna num círculo difícil de abandonar, pois quem se juntou a alguém para saber mais, também teve de falar demais e, mais cedo ou mais tarde, colher esses resultados. Sem ponderar, acabou por ficar ligado a um determinado grupo e deixar também a sua imagem negativa. Se não sair depressa da situação, acabará por ficar dependente de um grupo de pessoas por ter tido excesso de curiosidade!
É difícil encontrar um grupo onde o falar mal não seja uma prática, logo tem de haver um cuidado muito grande no que se diz e nas “parcerias” que se faz. A Dra Sheri... Pontuou!
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