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quinta-feira, 12 de maio de 2016

O blá… blá… blá de Mineiro: foi um ‘golpe paraguaio

O deputado estadual Fernando Mineiro (PT) se posicionou sobre a admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ocorrida na madrugada desta quinta-feira (12) após votação no Senado Federal. Ao todo, 55 senadores votaram a favor da abertura do processo, que foi tachado por Mineiro como ‘golpe paraguaio’.Confira o pronunciamento no íntegra:O impeachment sem crime objetiva mais do que o afastamento de Dilma, democraticamente eleita em 2014. O golpe é contra o projeto político, econômico e social que nos últimos anos contrariou interesses nacionais e internacionais ao buscar soberania, distribuição de renda, diminuição das desigualdades sociais e promoção de políticas públicas inclusivas.A conspirata que uniu a oposição e antigos aliados revela a forte aliança entre setores empresariais, midiáticos, parlamentares, judiciais e policiais. Em jogo, a saída para a crise e o reposicionamento do Brasil no cenário internacional. Os golpistas têm lado e alvo. Inserção subalterna no cenário global, privatizações, ataques aos direitos trabalhistas e sociais fazem parte da receita requentada e resgatada dos anos 90.Temer, presidente interino e ilegítimo, assume provisoriamente com a tarefa de garantir as condições políticas para construir a ponte para o passado. E para isto contará com um amplo apoio midiático que atuará em duas frentes: 1 – a construção de sua imagem como capaz de unir o Brasil para o enfrentamento da crise, através da massificação de uma agenda positiva e, 2 – a desconstrução de quem lhe fizer oposição como “oposição ao Brasil”. Ou seja, a disputa de narrativas sobre o processo em curso se aprofundará mais ainda, sendo desnecessário falar do papel fundamental que o ativismo político democrático nas redes sociais terá nesse contexto.Na busca de reversão da ilegitimidade é pouco provável que sejam adotadas políticas antipopulares durante a interinidade do Temer. Para levar a cabo o projeto em curso é necessário reverter a baixa expectativa com o seu governo, já detectada em pesquisas de opinião. E isto não acontecerá com a implementação – de imediato – de medidas duras, reveladoras dos objetivos da coalizão golpista. Até porque, a imposição da anunciada agenda de austeridade como desejam os golpistas só será possível através do uso de medidas repressivas, o que geraria mais revolta e rejeição ao governo que já se inicia ilegitimamente. Além disso, em outubro próximo acontecerão as eleições municipais e a atual disputa certamente influenciará (em qual grau e sentido, impossível prever) em seus resultados.Abre-se um novo ciclo de disputa política no Brasil. Para além da disputa entre polos tradicionais (partidos, sindicatos, etc), emergem atores até então invisíveis na arena pública. De um lado, setores da elite e de camadas médias da sociedade perderam a “vergonha” de assumirem ideias e práticas de direita e fascistas e vão às ruas expressarem sua visão de mundo, carregadas de intolerância e ódio.De outro, além dos partidos políticos e de entidades sindicais, estudantis e demais movimentos sociais que se organizam de forma tradicional no campo democrático e popular, entraram em cena novos atores políticos, portadores e defensores da noção de direitos e de cidadania, proativos, informados e politizados, com atuação nos mais variados setores da sociedade (nas escolas, universidades, fábricas, periferias), que se organizam em coletivos e redes marcadamente horizontais, formados sobretudo por jovens.É perceptível a mudança de opinião em relação ao golpe. De forma ainda insuficiente para a reversão dos rumos do processo em curso, é fato que, hoje, existe menor adesão e apoio ao afastamento de Dilma do que início deste processo.Aos setores da população que incorporaram em suas vidas as noções de democracia, justiça social e cidadania não resta outra opção senão lutar ou lutar para, nas ruas e nas redes, derrotar o golpe, barrar o retrocesso e devolver ao Brasil a presidenta legítima e democraticamente eleita para governar nosso país.


NÃO AO GOLPE, FORA TEMER.

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